Review – 7.08 Cold War

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Por Anna Hartnell

SPOILERS! Levanta a mão aí quem está tremendo até agora!

O terceiro episódio da sétima temporada, “Cold War”, escrito pelo veteraníssimo Mark Gatiss (“The Idiot’s Lantern”, “Victory of the Daleks”) fez uso de um espaço minúsculo para causar um terror para lá de maiúsculo. Como eu não estou no time que curtiu o episódio anterior (apesar dos esforços do Freddy em tentar me convencer do contrário), ver a Clara finalmente entendendo onde foi que ela se meteu ao topar viajar com o Doutor valeu todo o meu final de semana.

A história se passa dentro de um submarino russo em 1983 (a melhor definição do Doutor para o cenário: “cabelo, ombreiras, bombas nucleares – tudo era maior nos anos 1980”). É tensão em cima de tensão com mais tensão do lado: nenhuma rota de fuga, um monte de ogivas letais ao redor, e um monstro alienígena que está furioso, mas não pelos motivos que você imaginaria a princípio.

É preciso explicar rapidamente que, na vida civil, eu estudo, entre outras coisas, a História da Guerra Fria. Então, esse episódio foi bem especial… A ideia de um holocausto atômico nos anos 1980 não era uma teoria – era algo BEM REAL e palpável, então ver que a história poderia ser reescrita causou um tanto de dor de barriga nesta historiadora amadora aqui.

Adicione todos esses ingredientes a paranoia própria da verdadeira Guerra Fria e um capitão que ninguém sabe se bate mesmo bem da bola e pronto: você tem aí 45 minutos de puro nervoso e alguns alívios cômicos pontuais (Clara surpresa por conseguir falar russo, o professor pacifista que amava a banda Ultravox). Ou seja, não sei vocês, mas é para esse tipo de coisa que eu assisto “Doctor Who”.

 Todo mundo já disse que o episódio faz paralelos com o filme Alien (um monstro em uma nave de onde não se pode fugir). Eu concordo, mas acho que daria para fazer um paralelo também com “Dalek”, de 2005 – quando o Nono Doutor encontra o que seria o último de seus inimigos mortais. Os dois já estão destruídos, detonados, sem nada para se orgulhar, mas a raiva da guerra, e de todos os mortos, ainda estava ali, pulsando. E, claro, as interações da Rose e o último Dalek e da Clara com Skaldak também ajudam muito nessa comparação.

E a cara da Clara ao ver os marinheiros mortos por Skaldak como “provas forenses” – ou seja , mero material de estudo para entender os humanos – foi um ponto alto. É muito triste quando o companion descobre que nem tudo é passeios e jelly babies (ou fish and custard) com o Doutor.

Por outro lado, uma coisa que me incomodou é que poderia ter sido qualquer outro companion neste episódio. Ainda estou procurando algo que dê uma identidade própria para a Clara. Rose tinha Mick e Jackie e sua vida em um conjunto habitacional. Martha tinha a faculdade de Medicina. Donna era a datilógrafa mais rápida de Chiswick, e com o avô mais fantástico do mundo sci-fi. Amy e Rory, melhor não mencionar a fantasia de centurião romano. O que a Clara tem para contar?

E ficam no ar algumas questões… Será que a música Hungry Like the Wolf ter aparecido na história tem alguma conexão com o temido Bad Wolf dos tempos do Décimo Doutor? E o que está acontecendo com a TARDIS? Primeiro tranca Clara do lado de fora em “The Rings of Akhaten”, depois desaparece do submarino e vai parar no outro lado do mundo (literalemente) nesse episódio… Que comece a especulação…