Ok ok, todos ainda estamos recolhendo os pedaços dos cérebros depois de todas as revelações e perguntas que Fugitive of the Judoon trouxe à mesa.
Será que a relação da Doutora de Jodie e seus companions vai mesmo se desgastar até um deles jogar a toalha? De quando era aquele Jack? Quem é o Cyberman solitário? São muitas perguntas, mas de longe a que deixou mais gente sem reação durante o episódio foi “QUEM É ESSA TAL DOUTORA NOVA?”
Pois bem, interpretada por Jo Martin, a mais nova Doutora deixou uma interrogação em todas nossas cabeças. Ela é do futuro? Ela é do passado? Ela é de um universo paralelo? Bem, segundo Chibnall, “Ela é mesmo a Doutora. Sem truques e nada de universo alternativo”, então isso teoricamente já riscaria essa opção da lista… mas vamos com calma. Vamos analisar todos os poréns e as possibilidades que essa nova Doutora traz para Doctor Who!
Uma Doutora pré-Hartnell?
Um dos rumores que mais assombra o fandom nos últimos meses é justamente esse de que Chibnall estaria para inserir na série toda uma história sobre terem existido 13 Doutoras ANTES do 1º Doutor.
Por mais tenebroso que tal cenário pareça, a ideia não é nenhuma novidade para a continuidade de Doctor Who. Por mais que o status de “o original” seja sempre atribuído ao Doutor de William Hartnell, já houve momentos na franquia em que isso foi colocado em cheque.
The Brain of Morbius
No arco em questão de 1976, por exemplo, o 4º Doutor enfrenta Morbius. Em dado ponto do arco, vemos um embate de mentes entre os dois senhores do tempo, e durante ele começamos a ver todas as encarnações do Doutor, que tínhamos até então. Baker, Pertwee, Troughton, Hartnell… e de repente começamos a ver rostos completamente desconhecidos. Quem eram essas pessoas? Porque elas aparecem antes de Hartnell? Ele não deveria ser o primeiro?
Por muito tempo especulou-se que rostos seriam esses. Seriam Doutores pré-Hartnell? O Doutor usando um truque mental para enganar Morbius? Ou encarnações do próprio Morbius? De acordo com Philip Hinchcliffe, produtor do próprio arco, os rostos seriam sim do próprio Doutor em encarnações passadas. Como tal confirmação quebraria regras já estabelecidas na série, a maioria dos fãs, e roteiristas, preferiu ignorar ou simplesmente dar soluções mirabolantes para os oito supostos Doutores.
O Outro e o Cartmel Masterplan
O Outro, graças a sua natureza misteriosa, sempre foi motivo de dúvida na cabeça dos fãs. Nós sabemos que, assim como Rassilon e Omega, ele foi um dos pais fundadores da sociedade dos Senhores do Tempo. Até aí nada demais. O que realmente faz com que a mente das pessoas entre em parafuso é a relação do personagem com o Doutor. Afinal, ele é o Doutor? Ele é um antepassado do Doutor? Ele reencarnou no Doutor? E onde o Cartmel Masterplan entra nisso tudo? Calma. Vamos lá.
Cartmel Masterplan é o nome dado para a linha narrativa originalmente idealizada por Andrew Cartmel, Marc Platt e Ben Aaronovitch. A proposta consistia em aprofundar a origem do Doutor e amarrá-la com a origem da sociedade dos Senhores do Tempo, criando então o conceito d’O Outro.
O plano começou a desabrochar ao decorrer da 25ª e 26ª temporada, tendo referências espalhadas por elas. Eventualmente a história culminaria nas temporadas seguintes, que por sua vez nunca chegaram a existir graças ao hiato de 16 anos da série. O conceito então foi levado para os livros da Virgin New Adventures, em livros como Time’s Crucible e Lungbarrow, mas lá mesmo foi tendo mudanças que deixavam cada vez mais nebuloso quem era o Outro.
Seguindo o que o Cartmel Masterplan indica, o Outro é de fato o Doutor em uma outra vida, muito antes de Hartnell ou até mesmo do menininho assustado no celeiro de Listen. Em dado ponto de sua história, o Outro teria sido reencarnado no Doutor através do uso de looms. Os looms por si só já dão pano pra um post só deles, e são motivo de confusão na continuidade da série. Mas pra facilitar por agora, digamos que os Senhores do Tempo mais puristas nascem através de engenharia genética e não sexuadamente que nem eu e você…
Pois bem, voltando ao Outro e ao Doutor. Imagine que o Outro é um potinho de vidro. Os Senhores do Tempo pegaram esse potinho de vidro passaram ele num triturador, pegaram o pó que sobrou e colocaram dentro de um outro potinho de vidro chamado Doutor. Deu pra sacar?
Conclusão
A parte boa do plano e de todo esse lance do Outro é que teríamos uma explicação para os rostos vistos em The Brain of Morbius, e por consequência, uma possível explicação de onde exatamente está a Doutora de Jo Martin.
Só tem um pequeno problema nisso tudo, uma coisinha chamada TARDIS. Pensem comigo, se a TARDIS ficou presa na forma de uma cabine de polícia por conta dos eventos de An Unearthly Child, como a TARDIS de Jo Martin já teria essa forma se ela fosse mesmo uma encarnação pré-Hartnell? Esse detalhinho já faz a gente, em tese, poder riscar essa possibilidade da lista.
Um Clone?
Outra coisa que não é tão estranha para a continuidade de Doctor Who são situações onde o Doutor é clonado. Ao longo de mais de 50 anos de franquia já vimos isso acontecer diversas vezes. Já tivemos isso na série clássica, na moderna, no universo expandido… E claro, isso já se deu de diversas formas, desde Daleks clonando (ou fazendo réplicas robóticas) o Doutor até o processo de meta-crise.
Só pra puxar alguns exemplos, já tivemos um clone do 2º Doutor enfrentando o 4º Doutor nos áudios The Hexford Invasion e Survivors in Space (inclusive é super legal escutar esses porque quem faz o 2º Doutor é o David Troughton, filho do Patrick), dois clones do 10º Doutor, o Mãozinha e a Jenny, na mesma temporada, três clones do 7º Doutor criados pelo Mestre pra pagar de penetra no casamento da Bernice Summerfield…
Conclusão
Em sua maioria esses clones acabam sempre morrendo no final de suas histórias, salvas raras exceções, como é o caso de Jenny e do Mãozinha, por exemplo. Mas não é uma ideia muito distante pensar que a Doutora de Jo seja um clone do Doutor. Imaginem só, os Senhores do Tempo podem ter clonado o Doutor, dado uma TARDIS igualmente travada na aparência de uma cabine e soltado no universo, mas diferente do original, ligeiramente mais controlado e trabalhando para eles.
Mais um Doutor entre Doutores?
Bem, esse é um assunto dos mais tranquilos de se abordar, afinal, nosso querido Doutor da Guerra veio, em 2013, provar que do 8º Doutor pra frente a conta de Doutores poderia ficar um pouco complicada. Será que o Chibnall puxaria a mesma carta que Moffat puxou há 7 anos e daria mais um Doutor (no caso Doutora) apertado entre encarnações?
Uma das teorias que vem ganhando mais força é de que a Doutora de Jo Martin estaria mais exatamente entre o 2º e o 3º Doutor. As evidências estão aí: Ela diz ter trabalhado para os Senhores do Tempo, tem uma TARDIS claramente inspirada no visual da nave nos anos 60, e não tem noção dos perrengues que Gallifrey vai passar.
Vamos aos fatos, nunca vimos a regeneração de Troughton para Pertwee, e sabemos que entre a 6ª e 7ª temporadas da série o 2º Doutor teve todo um leque de aventuras. Tais aventuras não estão limitadas a aventuras dele no universo expandido, vemos essa “temporada 6B” na própria série clássica!
Tanto em The Five Doctors quanto em The Two Doctors vemos um 2º Doutor claramente mais velho, e no caso de Two, deixando bem claro que está “fazendo um serviço pros Senhores do Tempo” e de quebra ainda temos um Jamie, também mais velho, falando que eles precisam buscar a Zoe. O que deixa bem claro que na perspectiva da dupla, os eventos de The War Games já passaram.
Esse conceito de um Doutor no meio do 2º e do 3º, aliás, não é novo. Os anos 90 foram sem dúvida Os Anos Selvagens, mas também foram campo fértil para produções licenciadas e não licenciadas pela BBC no que se tratava de Doctor Who. Entre elas estava Devious, produção que tratava justamente desse espaço de tempo da temporada 6B.
O novo Doutor da jogada seria justamente o “2º Doutor e Meio”, interpretado por Tony Garner justamente por sua similaridade tanto com Patrick Troughton quanto com Jon Pertwee. Ele realmente parece uma amálgama dos dois atores. Devious (que aliás, até hoje ainda não foi completamente lançado) é completamente fora do canon oficial de Doctor Who, mas quem sabe a Doutora de Jo Martin não seria a tentativa de Chibs de criar seu próprio Doutor 2 e meio? É crível.
Algo que várias pessoas destacaram que pode derrubar essa teoria é justamente o fato de que o 11º Doutor era o último do primeiro ciclo, graças ao fato de termos um Doutor entre o 8º e o 9º, e do 10º ter gastado um “crédito” de regeneração para criar o Mãozinha. Realmente, faz sentido. Seguindo essa lógica o 10º deveria ter sido o último.
Mas pensem comigo, e se a gente descobre que o Mãozinha na verdade nunca gastou um crédito de regeneração, e que na verdade esse tempo todo a conta fechava justamente por conta da Jo Martin esse tempo todo? Ou talvez, vamos descobrir que os Senhores do Tempo deram um crédito extra no momento que ela foi realmente regenerar no 3º Doutor como uma “compensação por seus serviços”? Só o tempo vai dizer!
Ah é, antes que eu esqueça! Você deve estar falando “Ah, mas ela não sabe o que é Chave de Fenda Sônica”. Mas veja bem, a Doutora de Jo Martin em momento algum confirma não saber o que é a sonic, só deixa bem claro que não precisa dela. Vamos ao diálogo:
– (Martin) Por que você não pergunta para aquele treco bonitinho que você usa?
(…)
– (Whittaker) Mesma pessoa. Mas você nunca ouviu falar da Chave de Fenda Sônica…
– (Martin) Só sou esperta o bastante para não precisar de uma.
Um Observador (Watcher) desgarrado?
Se você já assistiu a série clássica (ou pelo menos caçou aqueles compilados de todas as regenerações do Doutor), quando chegou na regeneração do 4º pro 5º tomou um leve susto com a aparição da figura fantasmagórica do Observador (ou no bom inglês, Watcher). E claro que, depois desse susto, a primeira coisa a passar pela sua cabeça foi “o que cacetes é o observador”? Bem, primeiro já vale uma correção: Não é O Observador, e sim UM Observador. Essa quase múmia gallifreyana não é exclusividade do Doutor, mas sim uma figura misteriosa que ronda toda a sociedade dos Senhores do Tempo.
É dito que, por vezes, antes de regenerarem, os senhores do tempo são vigiados por seus Observadores, e em vezes ainda mais raras, o Observador se funde ao Senhor do Tempo durante a regeneração (como vimos justamente em Logopolis, na regeneração de Baker para Davison).
Para fins mais poéticos, é como se Os Observadores fossem os anjos da guarda dos senhores do tempo. A rigor, Os Observadores são a personificação da “carga” de regeneração que aquele senhor do tempo tem. Mas por vezes também podem ser a personificação de versões alternativas de um senhor do tempo. Segundo o Valeyard, Os Observadores são “a essência de tudo que já foi e tudo que será”.
Agora pensem comigo, e se em algum desses momentos raros da existência um Observador qualquer se desgarrou de sua função e começou a achar que ele era um ser independente? Afinal, eles podem ser “a personificação de versões alternativas de um senhor do tempo”. Na última entrevista de Chibnall ao Mirror ele deixou bem claro que a Doutora de Jo Martin não é de um universo alternativo, mas e se ela foi “gerada” a partir de um ser que é a personificação de versões alternativas do Doutor, mas sendo ainda assim do universo regular da série?
O Valeyard?
A amálgama de todo o mal do Doutor que surgiu entre a 12ª e última encanação, e de longe um dos meus personagens (senão “o meu favorito”) de Doctor Who, o Valeyard é daqueles nomes que sempre aparecem nas rodas de apostas quando vemos o Doutor fazer algo ligeiramente mais sombrio.
A exemplo, quando vimos John Hurt ser introduzido na franquia muita gente se perguntou se ele não seria o Valeyard, eu incluso. O mesmo pairou na cabeça de parte dos fãs quando Capaldi foi introduzido como Doutor. Ele foi vendido como sendo um Doutor mais sombrio no começo de sua carreira na TARDIS, e querendo ou não, ele vinha exatamente no espaço de perigo onde o Valeyard surgiria, e era o primeiro de um novo ciclo de regenerações que, na época, nem sabíamos a real procedência.
Era fácil, e particularmente divertido, puxar a carta do Valeyard sempre que dava. Acredite, até o 10º Doutor já teve pesadelos de que o Mãozinha eventualmente se tornaria o Valeyard, como no quadrinho The Forgotten. Mas hoje já temos informações que desbancam essa possibilidade para a Doutora de Jo Martin.
Antes de tudo, vamos a uma correção importante. Diferente do Observador que é “Um” e não “O”, o Valeyard é “O” e não “Um”. Não existe isso de “um valeyard”. Ele é um artigo definido. Só existe um Valeyard, assim como, apesar de terem múltiplos rostos, só existe um Rassilon, um Borusa, um Mestre, e bem… um Doutor, até porque eles são a mesma pessoa.
Apesar de ter aparecido pela primeira vez na série clássica, por lá o conceito acabou nem sendo tão explorado fora de The Trial of a Time Lord, ficando a cargo do universo expandido trabalhar o personagem vez ou outra. Foi justamente lá que tivemos uma confirmação importante: O Valeyard não pode regenerar!
Na história Every Dark Thought, áudio de Bernice Summerfield, vemos a personagem sendo companion do próprio Valeyard, que para cumprir seu plano, se apresenta por sua antiga alcunha de Doutor. Em dado ponto da história a máscara cai e Benny descobre que ele não é bem o Doutor. Vamos ao diálogo em questão.
– (Benny) O que diabos aconteceu para ele se transformar em você?
– (Valeyard) O peso de tudo que o Doutor já fez vai quebrá-lo eventualmente. E eu serei o resultado. (…) Nós não podemos negar o que somos. Eu sou tanto o Doutor quanto qualquer um deles!
– (Benny) Devia ter percebido. Nos abandonando num túnel. Nos deixando a mercê de um Caragot!
– (Valeyard) Mero bom senso! O Doutor tem mais de uma vida. Ele pode se dar ao luxo de gastá-las em gestos altruístas.
– (Benny) Ah! Você não pode regenerar, não é?
– (Valeyard) Eu… Eu me separei do Doutor antes de sua encarnação final. Eu tenho só essa vida.
– (Benny) Separou? Você não é uma regeneração, é só um troço que caiu do caminhão da mudança!
Ou seja, para ser o Valeyard só tem como ser Michael Jayston no papel!
Claro, você pode argumentar que o Valeyard poderia ter roubado um “pack” de regenerações de algum lugar, ou poderia estar se disfarçando. Mas a rigor, ele só pode ser ele mesmo. Além do fato de que se tirarmos essa ânsia por sobrevivência que o Valey tem ele perde grande parte de sua motivação. O fato dele só ter essa vida é o que faz dele ele mesmo, entende?
Some isso ao fato que Chris Chibnall já declarou abertamente não gostar (e não entender) The Trial of a Time Lord, então as chances dele inserir qualquer coisa que teve origem nesse arco é quase nula. Eu enquanto fã de carteirinha do arco e do personagem digo sem medo: O Chibnall, por mais que esteja finalmente fazendo histórias legais nessa temporada, não merece trabalhar com o personagem. Deixa ele pra um showrunner que é fã da coisa toda. Tempo sempre tem! Mas fato é que Jo Martin definitivamente não é o Valeyard.
De um Universo Alternativo?
Em uma franquia que tem como mote principal a viagem no tempo, a coisa mais comum que viria atrelada seria justamente a noção de múltiplos futuros, realidades potenciais, universo paralelos, etc etc etc.
Em Doctor Who, por mais que o assunto pareça ser meio tabu, ele é mais explorado do que o olho não treinado vê. Na série moderna é mole: temos o Mundo do Pete, universo alternativo que, além de ser tecnologicamente mais avançado, não parece ter um Doutor próprio (ou pelo menos não um Doutor que tenha ido para Terra).
Temos também a realidade alternativa de Turn Left, onde vemos Donna presenciando uma realidade onde o Doutor morreu no confronto contra a Imperatriz dos Racnoss, justamente por nunca ter conhecido a Donna daquela realidade.
Até aqui ok, temos dois universos paralelos onde ou não vimos o Doutor ou vimos um Doutor igual o que a gente sempre via… legal pra caramba, mas nada tããão interessante.
Inferno
Na série clássica a coisa tem um rumo um pouco mais legal. Em Inferno, o arco finale da 7ª temporada, vemos o 3º Doutor indo parar em um Universo Alternativo conhecido como, bem… “A Terra de Inferno”. Lá, a sociedade evoluiu muito mais rápido, tecnologicamente falando, e a UNIT (que por lá é conhecida como RSF – Republican Security Forces) é uma organização fascista que controla o planeta com mão de aço.
Apesar de não vermos o Doutor nativo pessoalmente vemos espalhado por todo canto pôsteres com uma figura autoritária e os dizeres “unidade é força”. A figura em questão é O Líder, que descobrimos, no livro Timewyrn: Revelation, ser nada menos do que o próprio 3º Doutor daquela realidade. Lá o 2º Doutor ao ser exilado na Terra, tomou caminhos diferentes, se corrompendo e se declarando o líder da Terra.
Os Universos de Unbound
Em 2003, a Big Finish decidiu se aventurar em uma série de áudios antológicos, onde cada um mostrava um Doutor de uma realidade alternativa.
Lá vimos:
- Um 1º Doutor que seguiu uma carreira de autor em Gallifrey (Auld Mortality)
- Um 3º Doutor que, pós o julgamento do 2º Doutor pelos Senhores do Tempo em The War Games, foi sentenciado ao exílio na Terra dos anos 90, e não dos anos 70 como no universo regular (Sympathy for the Devil)
- Um Doutor frio sem apreço a vida humana para chegar onde gostaria (Full Fathom Five)
- Um cenário onde o Valeyard vence o julgamento de The Trial of a Time Lord (He Jests at Scars…)
- Um Doutor que não passava de um delírio de um roteirista da série (Deadline)
- Uma 3ª Doutora que enquanto ainda era o 2º Doutor, decidiu se matar para regenerar e fugir do julgamento dos Senhores do Tempo (Exile)
A série fez sucesso o bastante para ter duas novas aventuras em 2008, trazendo de volta dois dos Doutores apresentados nos anos anteriores. O 1º de Auld Mortality e o 3º de Sympathy for the Devil, para as histórias A Storm of Angels e Masters of War consecutivamente. Isso por si já era algo bem legal. Dar mais aventuras para Doutores alternativos… Mas a grande coisa vem em 2016, quando esse 3º Doutor, vivido por David Warner, voltaria na coleção de áudios The New Adventures of Bernice Summerfield. Bernice Summerfield por sua vez é uma companion do universo regular de Doctor Who, tendo viajado principalmente com o 7º Doutor. Todo o mote dessas aventuras era Bernice sendo levada para esse universo de David Warner para ajudá-lo a salvar o universo!
De lá pra cá esse Doutor se tornou figurinha marcada nos áudios de Bernice Summerfield, o que por vezes faz com que Benny o apresente como sendo seu companion.
A história toda desse Doutor é super legal, em especial porque ele é a prova regenerada de que um Doutor de um universo paralelo pode sim passear por outros universos, incluindo o nosso. E por mais que Chibnall negue de pé junto que Jo Martin é de um Universo Alternativo, eu ainda tenho minhas dúvidas. Chibs sempre foi conhecido por nunca revelar seus segredos, num nível quase doentio. Por que ele faria tanta questão de liberar uma informação tão importante assim em entrevista? Podem dizer que eu estou em estado de negação, mas pra mim é tudo muito suspeito.
The Tomorrow Windows e conclusão desse tópico
Fora tudo o que vimos tanto nos parágrafos anteriores, Doctor Who tem toda uma gama de outras realidades paralelas. Como é o caso da realidade de The Curse of Fatal Death, onde vemos versões alternativas do 9º, 10º, 11º, 12º e 13ª.
Temos também o 9º Doutor de The Scream of the Shalka (Richard E. Grant), Doutor esse que até a confirmação de Christopher Eccleston no papel de 9º Doutor era tido como o Doutor oficial praticamente… Esse Doutor inclusive tem uma continuação em conto, chamado The Feast of the Stone.
Fato é que, se já não havia ficado claro, a própria mecânica de Doctor Who faz com que a gente brinque com múltiplos possíveis futuros para o Doutor. Em The Tomorrow Windows, livro de 2004, por exemplo, vemos o 8º Doutor literalmente olhando para o seu futuro e enxergando múltiplas possibilidades de como ele seria. Agora eu te pergunto, por que um conceito que dá tanto pano pra manga há tantos anos na franquia seria simplesmente riscado da lista de possibilidades sobre quem realmente é a Doutora de Jo Martin?
Conclusão Final
Ok, esse post ficou mais longo do que eu esperava. E claro que muito provavelmente eu deixei passar alguma possibilidade, ou não falei alguma teoria que vocês possam vir a ter. Mas fato é que a introdução da Doutora de Jo Martin abriu todo um leque de possibilidades que vão desde algo que pode ser super legal até algo que, se feito de qualquer jeito, pode comprometer coisas que já estavam muito bem estabelecidas na franquia.
A exemplo, ela não pode simplesmente ser uma Doutora antes do Hartnell e ter uma TARDIS em formato de cabine e a resposta ser um simples “é assim mesmo e pronto”. Já está mais do que claro que existe uma relação entre essa nova Doutora e a Timeless Child, visto que elas são etnicamente parecidas, e os dois plots foram introduzidos pelo mesmo showrunner. Mas tudo deve ser feito com cuidado.
Nós não estamos mais em 1976, onde o roteirista pode simplesmente jogar um monte de rostos desconhecidos do Doutor em tela e esperar que o público simplesmente aceite, ou que o próximo roteirista vá se virar pra dar jeito na bagunça.
Vivemos num mundo de informações rápidas, onde tudo é noticiado pra ontem e que, infelizmente, as pessoas não se seguram nem um pouco na hora de mandar um “minha série morreu” ou “essa Doutora é um lixo”. Novamente, tudo precisa ser feito com mais cuidado.
Particularmente eu adorei a Doutora de Jo Martin. Ela tem presença de Doutora, tem uma TARDIS linda, um visual maneiro e um potencial pra fazer com que a continuidade da série fique ainda mais rica. Mas eu não quero que todo esse potencial seja desperdiçado em algo feito nas coxas, entende? Eu quero poder continuar defendendo Jo Martin como a Doutora que ela já é!
Por fim, vamos todos deixar os corações abertos, ter calma e esperar pelo melhor. Afinal, Doctor Who é sobre mudanças.