Como Jon Pertwee se tornou o 3º Doutor
No episódio anterior, vimos como Patrick Troughton decidiu sair da série enquanto ainda estava se divertindo, deixando os produtores com uma tremenda encrenca para resolver: substituir o Doutor de novo…
A ideia inicial dos produtores era chamar o ator Ron Moody. Estavam tão certos de que o ator iria topar – quem não toparia? – que nem houve uma chamada para testes, como é costume. Só que esqueceram de combinar com o escolhido: Moody não topou (ele se arrependeu muito depois, como já declarou em várias entrevistas)! Então, a BBC procurou o segundo nome da lista de atores imaginados para o papel: John Devon Roland Pertwee, mais conhecido por seu nome artístico Jon Pertwee.
Ao mesmo tempo em que isso acontecia, Jon Pertwee soube da vaga no TARDIS e pediu para seu empresário falar com o pessoal da emissora para ver se eles estariam interessados nele para o papel. Ou seja, o candidato perfeito foi pedir o emprego! Problema facilmente resolvido, Pertwee foi oficialmente anunciado como Doutor em janeiro de 1970 na revista da BBC Radio Times (até hoje o método usado pela emissora para confirmar novos atores e storylines da série).
Pertwee, nascido em Londres, tinha 50 anos quando se tornou o 3º Doutor. De origem francesa, filho do ator e roteirista Roland Pertwee, Jon sempre esteve envolvido com o teatro e, mais para a frente, com a TV. Como Troughton, ele serviu na Marinha durante a Segunda Guerra Mundial – essa época rendeu uma tatuagem de âncora que deu o ar de sua graça em alguns episódios de DW (a tatuagem foi “souvenir” de uma noite de bebedeira no porto). Comediante nato, ele fez muita gente rir em filmes da série cômica britânica Carry On. Nem de longe o tipo que você imaginaria numa série sci-fi – e por isso mesmo o candidato ideal para a vaga.
Reparem na tatuagem no antebraço do Jon Pertwee (e tentem ignorar a touca de banho)
Seu estilo charmoso e nada sério acabou implantado no Doutor – o primeiro a ser transmitido em cores, o que ajudou a definir o guarda-roupa da nova encarnação do personagem. Ao invés do cabelinho comprido de Hartnell ou das calças caindo de Troughton, o Doutor agora aparecia com um grande cabelão, vistosos ternos de veludo (o último grito da moda em 1970) e uma capa de mágico. Coisas que só a fascinação com cores nunca vistas numa tela de TV podem explicar…
Por conta de restrições orçamentárias (sempre elas…!), o homem de Gallifrey ficou exilado na Terra, com a TARDIS ancorada na sede da UNIT. Ou seja, o Doutor, agora um aventureiro impaciente com gosto para roupas chamativas (que ele rouba de um médico no primeiro episódio da série), está à mercê da (pouca) paciência do Brigadeiro Lethbridge-Stewart e sem ter para onde ir. Ou seja, um belo desafio para o pessoal dos roteiros, que agora precisava pensar em como colocar o Doutor em encrencas sem tirá-lo de Londres.
Além de ficar preso na Terra, sem sua amada nave e tendo que aguentar o Brigadeiro (que não entende nada de tecnologia alienígena), o Terceiro Doutor arranjou-se um inimigo para toda a vida, além dos Daleks. Como e por que (e como foi que dois grandes amigos acabaram interpretando inimigos mortais na frente da tela) é assunto para outro dia…!
Os mais novos conhecem esse personagem como Harold Saxon…
Curiosidade: Jon Pertwee é o pai de Sean Pertwee, o Alfred da série Gotham. Ele já se vestiu como o pai e prova que tem muito talento. Um ótimo candidato a 13º Doutor!