Things She Thought While Falling: Chris Chibnall lança conto inédito da 13ª Doutora!

Assim como Russell T. Davies e Steven Moffat, que estão oferecendo aos fãs materiais novos em tempos de coronavirus, Chris Chibnall também decidiu se juntar a eles e escreveu um conto da 13ª Doutora, inédito, disponível no site oficial da BBC.

A história se passa nos momentos em que ela estava caindo da Tardis para a Terra em The Woman Who Fell To Earth.

Confira a versão traduzida abaixo!

“Olá! Nós estamos passando por alguns momentos estranhos agora.
Com as pessoas ficando em casa famílias ficando juntas, eu pensei que alguns presentinhos de Doctor Who ajudariam. Alguma coisa para ler, juntos ou sozinhos. Novos divertimentos vindos das pessoas que fazem Doctor Who.

Nós tentaremos e postaremos aqui uma ou duas vezes por semana. Amanhã, nós teremos algo escrito, mas nunca publicado antes, por Russell T. Davies.

Para começar, eu escrevi algumas palavras sobre o que passou pela cabeça da Décima Terceira Doutora, imediatamente depois dela regenerar e ser jogada fora da TARDIS.

Fiquem seguros.

Chris.

Coisas que ela pensou enquanto caia

Ela estava com frio.

A Doutora estava com frio.

As roupas rasgadas não estavam ajudando. Ela estava com frio e nas roupas rasgadas de alguma outra pessoa.

Ela se sentiu um pouco irritada, porque as roupas rasgadas não incluíam um paraquedas. Isso parecia um erro.

Peraí, ela pensou. Por que eu iria querer um paraquedas? Oh sim, está certo. Ela lembrou.

Ela estava caindo.

Ar estava passando correndo por ela. Ou mais precisamente, ela estava passando correndo pelo ar. Despencando através da noite fria.

Além disso, ela estava zumbindo.

Restos das partículas de regeneração ainda estavam se remoendo nela. O processo ainda estava… em processo. As novidades dela ainda estavam acontecendo.

A Doutora olhou para cima, despencando. Oh querida, ela pensou.

Bem acima dela, a TARDIS estava explodindo.

Isso é muito inútil, ela pensou.

Não, espere, não só explodindo. Agora a TARDIS estava se desmaterializando – enquanto explodia. Desmaterialexplodindo, pensou a Doutora. Essa não é uma palavra, repreendeu a Doutora. Tá bom, respondeu a Doutora. Só estou a poucos minutos aqui – você tem sorte de eu já ter algumas palavras. Vocês duas podem parar de discutir?, a Doutora entrou na conversa. Só se você parar de nos subdividir, respondeu a Doutora, isso é tudo o mesmo cérebro. Não se confunda.

Assim que a caixa azul desapareceu, deixando a Doutora olhando para um céu estrelado, a Doutora imaginou se ela veria sua TARDIS de novo. Sem tempo para se lamentar, ela falou para si mesma. Tem muita coisa acontecendo!

Sim, ela pensou. Tem muita coisa acontecendo. Uma grande massa de terra dolorosa e escura estava se aproximando rapidamente e dentro do corpo da Doutora suas células continuavam queimando e refazendo e reformando.

Bom, pensou a Doutora. Ela toda. Esse é um dilema.

Sua mente recém-criada já teve três mil e sete pensamentos ao longo de três segundos. Ela sabia, porque ela contou. E ela só percebeu que ela contou assim que ela terminou de contar e, então, ela imaginou se a contagem fez três mil e oito pensamentos. E, então, ela percebeu que o chão estava ainda mais perto e um plano provavelmente seria o próximo.

Ela viu o chão e calculou sua própria velocidade. Ooh, isso vai machucar, ela pensou. Mesmo num pouso suave. E provavelmente não será um pouso suave. Ela cruzou os dedos e torceu para que ela estivesse caindo numa fábrica de camas elásticas ao ar livre.

Tipo aquele planeta… como era chamado? Fintleborxtug! Fato divertido sobre Fintleborxtug, ela contou a ela mesma, a criatura que o nomeou, fez isso enquanto estava soluçando e na hora que começou a vomitar. Ninguém sabe se esse era realmente o nome ou só o som que ela fez.

Você não tem que me contar isso, pensou a Doutora entediada, eu sei! Eu sei que a superfície planetária de Fintleborxtug é macia e saltitante como uma cama-elástica, porque eu fui num longo salto lá uma vez, entre as montanhas e o céu roxo. Eu tinha acabado de tomar sundaes. Aquilo foi um erro. Você pode se concentrar, por favor, a Doutora falou para ela mesma de novo!

Ela se concentrou. Ela confirmou que ela ainda estava caindo. Desapontada, mas não muito surpresa dadas as circunstâncias dela não tinham mudado nada desde a última vez que ela checou.

Ela se perguntou onde exatamente ela estava. De qual céu ela estava caindo. Para qual chão ela estava indo. Ela colocou a língua para fora. Ela foi ferida pelo ar. Cócegas. Ah. Isso tem sabor da Terra. Norte da Europa. Grã-Bretanha. Fumaça de madeira, diesel, grama, concreto se aproximando rapidamente, muita umidade e atitude no ar. Yorkshire. Possivelmente South Yorkshire.

Ela deu mais uma olhada para baixo. Um trilho de trem. Um trem parado. Ela tentou reconhecer as marcações do lado de fora do trem, para que ela pudesse dizer com precisão onde ela estava, mas estava longe e escuro e a regeneração mais uma vez tinha falhado em entregar a visão de raio-x super poderosa para ver no escuro que ela sempre quis. Bom, ela pensou, quem sabe na próxima.

Agora o trem abaixo estava insistindo em chegar mais perto. O trem, ou os trilhos, estavam onde ela iria pousar. Ela ponderou suas escolhas limitadas – os trilhos machucariam. Um monte de cascalho e duas grandes linhas de metal no caminho de seu novo corpo. Ai. O trem parecia melhor – o teto, se ela pudesse cair através dele, iria amortecer a queda um pouco (embora quebrá-lo fosse machucar bastante).

Com um pouco de sorte, quaisquer danos seriam tratados pelo processo de regeneração ainda em andamento. Tipo aqueles machucados que a Doutora teve depois dele despencar através do teto da mansão de Naismith. Ou da mão que ele conseguiu crescer de volta depois do Sycorax cortá-la. Cuidado Doutora, ela pensou, seus pronomes pessoais estão confusos.

Aquele teto estava super perto agora. Ela agitou os braços um pouco para ter certeza de que sua trajetória estava correta. Assim que ela fez isso, ela viu que as luzes do trem estavam apagadas. Ela viu faíscas de uma luz brilhando em um dos vagões da parte de trás do trem. Alguma coisa estava errada. E se algo estava errado, ela era o homem para resolver isso.

Você está assumindo que você vai passar por essa queda viva, ela lembrou ela mesma. Agora, não seja sombria, ela repreendeu de volta. As coisas vão dar certo. Agora, elas não estão ideais. Mas eu posso consertar. Provavelmente.

Isso é interessante, ela pensou. Eu pareço ser otimista. Com uma pitada de entusiasmo. E o que é esse sentimento caloroso no meu estômago? Ah, eu sou gentil! Brilhante.

Isso vai ser divertido, pensou a Doutora, enquanto ela atravessava o teto de um trem, nos arredores de Sheffield, não muito longe de Grindleford.

Então, atingindo o chão do trem e sentindo que pequenas partículas extras de energia regenerativa curaram coisas que se arranharam e quebraram e machucaram — novidade, em um trem, em um trem — ela pensou para si mesma: essa vai ser uma noite muito interessante!

A Doutora pulou, apagou uma criatura que ela não conseguia entender e imediatamente fez novos amigos.”

Um agradecimento especial à nossa apoiadora Michelle Mantovani pela tradução!

Leia também a versão original em inglês no site da BBC!

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