Eram sete horas da noite do dia 12 de julho quando o taxista deu a má notícia: “o trânsito naquela região está péssimo”. Faltava apenas meia hora para o início de Much Ado About Nothing (Muito Barulho por Nada, em tradução brasileira) no Wyndham’s Theatre, em Londres, e não estava nem perto de chegar no local. Eu devia ter imaginado: fazer a viagem dos sonhos e ainda por cima assistir a uma das minhas peças favoritas com dois dos meus atores mais amados era simplesmente pedir demais. Não ia rolar. Às vezes, a gente precisa aprender limites das coisas.
… Bom, ainda bem que eu não resolvi aprender os limites das coisas nesse dia. Dez minutos antes do início da peça, depois de algum milagre automobilístico obscuro, o motorista despejou toda a minha família em frente ao teatro. Saí correndo que nem uma maluca – o ingresso online pedia que se chegasse ao local com uma hora de antecedência – e imediatamente fui retirar os convites com minha irmã. Depois de alguns minutos de aflição na bancada de ingressos – “você poderia soletrar seu nome, por favor?” -, deu-se o fato: era verdade. Não dava para acreditar.
David Tennant e Catherine Tate no teatro. WHAAAAAT?
Assisti a “Much Ado About Nothing” em um dos lugares mais altos do Wyndham’s, no balcão superior. Apesar de bem distante do palco, era óbvia a preocupação dos atores em serem ouvidos e enxergados mesmo daquela distância. A peça começou precisamente às 19h30 e teve um intervalo de 15 minutos. Também é fácil fazer a sinopse do roteiro. “Much Ado” é uma peça de William Shakespeare adaptada para um cenário dos anos 70 sobre dois casais: Claudio e Hero, apaixonados desde à primeira vista, românticos e sonhadores; e Beatrice e Benedict, que se estranham e se provocam durante toda a história. Simples. “Much Ado”, em comparação a outras obras de Will Shakespeare, é até considerada um texto menor, uma “comédia romântica” com diálogos afiados e inglês empolado. Mas na mão de atores tão bons quanto esses dois, a coisa toda fica realmente mágica.
David Tennant é o máximo. Falar qualquer coisa menor do que isso seria insultar a inteligência dos leitores. =P Na peça, se sente tão à vontade quanto estava na pele do Doctor – ou até mais. Usa shortinho e peruca de mulher, pula de um lado para o outro, dança loucamente, dirige um bugue fazendo barulho, tem as melhores frases da peça. Mas Catherine não fica para trás e dá um show em cada fala e gesto, deixando todo mundo convencido de que Beatrice é uma das melhores personagens femininas escritas para o teatro. Isso sem falar que a mulher fica pendurada em um elástico há uns bons três metros do chão, mas tudo bem. A química entre os dois é absurda, mas lembra bastante a relação Doctor/Donna (hehe), embora esteja claro que, na peça, o amor ~está no ar~.
Much Ado é uma dessas peças em que a gente tem vontade de aplaudir, dançar e gargalhar toda hora. Mesmo nos momentos tensos – que não são muitos -, o clima é agradável. A pior parte, realmente, é ir embora.
… Ou não! Depois da peça, Catherine e David vão para os fundos do teatro para distribuir autógrafos, tirar fotos e falar com os fãs. É uma muvuca, gente por todo lado esmagando seu pé, cotovelos raivosos e tudo mais, mas…
… vale muito a pena. =)
(Pronto, agora a Thais não pode dizer que eu não fiz o post sobre a peça! 😛 hehe)