Dossiê DWBR – Quem é o Valeyard? Entendendo um dos grandes mistérios de Doctor Who!

Afinal de contas: Quem é o Valeyard?

Se você consome Doctor Who há um tempo já deve ter esbarrado no termo “Valeyard” em algum momento. Sendo em teorias ou em desejos dos fãs de que o personagem apareça novamente na série, o Valeyard está sempre presente nas discussões da internet e por vezes gera muita confusão na cabeça de quem ainda não assistiu a Séria Clássica e não explorou o Universo Expandido da franquia.

Vamos fazer uma aula expressa de quem é o personagem!

“E ele terá outros nomes antes do fim. A Tempestade. A besta. O Valeyard.”

O pano de fundo

Em 1986, na época do 6º Doutor, a temporada foi um tanto quanto fora do padrão. Ao invés de arcos soltos (que normalmente eram uns 4 por temporada), o público teria um grande arco feito com nada mais nada menos que 14 episódios!
Nesse arco, The Trial of a Time Lord, o Doutor era posto em julgamento onde o advogado de acusação era o então desconhecido Valeyard. Nele, a acusação mostrava cenas da Matriz de Gallifrey (algo como uma caixa preta que registra a vida dos Senhores do Tempo) que incriminavam o Doutor (cenas essas levemente alteradas para, de fato, conseguir incriminar o Doutor), alegando que sua interferência era extremamente nociva para a história em si. Essas cenas, no caso, eram os “mini-arcos” dentro desse megabogaarco.

Já entrando na área de Spoiler (bem, é de uma coisa que tem praticamente 30 anos…nem sei se conta como spoiler, mas…), no final do arco é revelado (pelo Mestre, que aliás, acaba se mostrando de uma tremenda ajuda, servindo de advogado de DEFESA do Doutor) que o Valeyard era (ou iria) ser o próprio Doutor!

“O Valeyard é a amalgama dos lados sombrios da sua natureza, em algum lugar entre 12ª e a última encarnação. E se me permite, você não melhorou com a idade.”

Pra quem tem por hábito ler HQs, provavelmente está familiarizado com o termo “What If…”, ou no bom português, “e se…”. Pois é, o Valeyard é um grande “e se…”.

Algo do tipo “O que aconteceria se o Doutor descambasse de vez para o lado sombrio? Como ele seria?”.

Essa então “Regeneração sombria” do Doutor tinha como principal intuito roubar todas as regenerações restantes que o senhor do tempo teria até chegar ao seu “fim”.

Por fim, como era de se esperar, o Doutor dá o jeito dele de frustrar os planos do inimigo e sai por cima, salvando assim sua própria linha do tempo. O Valeyard, no entanto, não foi derrotado de fato, tendo conseguido escapar de seu fim se disfarçando de O Guardião da Matrix de Gallifrey.

O que é bom mal volta

“No jogo de xadrez, os peões vão na frente”

Depois dos acontecimentos do arco, o Valeyard chegou a aparecer de novo em livros da série. Sempre se agarrando ao plano original de matar o Doutor e pegar o que restava de suas regenerações. Houveram tentativas notáveis, entre elas, nos eventos da novel “Matrix”, onde o Valeyard, na tentativa de matar o (7o) Doutor, criou uma Matriz Negra, que ele usava para influenciar negativamente sua linha do tempo no passado, fazendo com que o Doutor cometesse atos que nunca deveriam ter acontecido. Entre eles:

  • O 1º e o 4º Doutor destruindo os Daleks por completo (nos acontecimentos de “The Daleks” e “Genesis of the Daleks” consecutivamente)
  • O 5º Doutor deixar Peri, sua companion da época, morrer em seu lugar

No meio de tal saga, o vilão assume a alcunha de, ninguém mais ninguém menos, do que Jack, o Estripador, onde ele usava os assassinatos que ele ia deixando pelo caminho para alimentar a Matriz Negra.

No final da trama, a Matriz Negra acaba sobrecarregada e a energia termina por, aparentemente, destruir o próprio Valeyard.

Mas se ele é o Doutor, ele pode regenerar?

Na história Every Dark Thought, áudio de Bernice Summerfield, vemos a personagem sendo companion do próprio Valeyard, que para cumprir seu plano, se apresenta por sua antiga alcunha de Doutor. Em dado ponto da história a máscara cai e Benny descobre que ele não é bem o Doutor. Vamos ao diálogo em questão.

– (Benny) O que diabos aconteceu para ele se transformar em você?
– (Valeyard) O peso de tudo que o Doutor já fez vai quebrá-lo eventualmente. E eu serei o resultado. (…) Nós não podemos negar o que somos. Eu sou tanto o Doutor quanto qualquer um deles!
– (Benny) Devia ter percebido. Nos abandonando num túnel. Nos deixando a mercê de um Caragot!
– (Valeyard) Mero bom senso! O Doutor tem mais de uma vida. Ele pode se dar ao luxo de gastá-las em gestos altruístas.
– (Benny) Ah! Você não pode regenerar, não é?
– (Valeyard) Eu… Eu me separei do Doutor antes de sua encarnação final. Eu tenho só essa vida.
– (Benny) Separou? Você não é uma regeneração, é só um troço que caiu do caminhão da mudança!

Ou seja, o Valeyard não pode regenerar! Para ser o Valeyard só tem como ser Michael Jayston no papel!

 

“Aaaaaaaaaah,  mas eu queria saber o que teria acontecido se ele tivesse ganhado!”

Cara do Doutor na abertura? Bem, mais ou menos…

Um dos maiores problemas de se ter um vilão tão bem elaborado é que, por vezes, a gente acaba querendo saber como seria o rumo da coisa se ele saísse vitorioso.

Provavelmente pensando nisso foi que, em 2003, Gary Russel escreveu o audiodrama “He Jests at Scars…”. A história é um “What If”, onde o Valeyard saía vitorioso do julgamento, e conseguia as regenerações restantes do Doutor.

O desfecho dessa história não é dos melhores. Após sair do tribunal, ao lado da companion do Doutor, Mel Bush, o vilão pega a TARDIS e deixa Gallifrey. Contudo, a existência de Valeyard por si só já é um paradoxo, algo que nunca deveria ter acontecido, o que faz com que a TARDIS, depois do desenrolar de eventos da história, se trava no espaço-tempo, e o Valeyard vê então que sua existência como vitorioso é um erro que acabaria por destruir ele mesmo com o tempo. Sabendo disso o ele simplesmente fica dentro da TARDIS, num canto, definhando…

Então, depois dessa mini aula Valeyarística as coisas ficaram mais claras? Mais confusas? Mais wibbly wobbly?
Contem pra gente suas teorias, seus comentários, dúvidas e afins aqui embaixo!